“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

POIS É, MENINO JÚLIO

cansei de respirar o ar podre
dessas manhãs
todas sempre iguais

cansei dessas madrugadas inúteis
que não me levaram a canto algum
quando olho meu rosto no espelho
descubro como estou mais velho
: sou o retrato de dorian gray ao contrário

a cada dia que passa constato
que meu destino será o mesmo
de antero
sylvia plath
torquato neto
ana cristina cesar

só não defini como vou fazer
há que se ter critério e cuidado
até nisso

fumo... olho os livros mudos
nas prateleiras
eles me olham com olhos cúmplices
meus livros...

penso nas mulheres que cruzaram
meu caminho
o que as pessoas vão fazer
pensar ou dizer de mim
foda-se

só não digam que fui bom

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

3 POEMAS SOBRE O MESMO TEMA

1.


desde de criança eu fabricava sonhos
sonhos de todas as marcas
fiz-me adulto e continuei a fabricar sonhos
mas por não saber nadar
morri afogado nos sonhos
e tornei-me um pesadelo à deriva

2.

a noiva que habitava os meus sonhos
hoje é uma sombra condenada a mofar
na solidão de um porto estrangeiro

3.

teu beijo de areia
ficou arquivado
na memória do porto

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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